Estava passando férias em Arapiraca, Agreste do
estado de Alagoas. Segunda maior cidade do estado, com 220 mil habitantes, é
conhecida como a Capital do Fumo, por ser uma das maiores produtoras de tabaco
do país. Apesar das grandes empresas beneficiadoras de tabaco tenham saído para
a região Sul, ainda é muito comum ver enormes plantações de fumo, pessoas
destalando as folhas na porta de suas casas e enormes rolos secando ao sol.
A viagem foi uma das experiências mais bacanas que
já tive: 2.500 quilômetros de estradas pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia
e Sergipe, revezando a direção com meu sogro; conhecer e nadar no Rio São
Francisco; conhecer as praias mais bonitas do Brasil; e conhecer a maravilhosa família
da minha namorada, que me adotou de fato.
Mas o que tudo isso tem a ver com futebol, afinal?
Como publicado em outro post, no início do blog,
gosto de ver partidas de futebol quando viajo a outros lugares, nem que seja de
várzea. Dessa vez não foi diferente.
Nesse exato dia 14 de janeiro, tive uma experiência
fantástica assistindo a partida de abertura da Primeira Divisão do Campeonato
Alagoano, ASA X CEO. É engraçado perceber que boa parte dos times alagoanos,
tem nomes em forma de siglas: ASA, CEO, CRB, CSA, CSE...
No meu caso: Agremiação Sportiva Arapiraquense X Centro
Esportivo Olhodaguense, de Olho d’Água das Flores, do sertão alagoano.
Estávamos acomodados no povoado do Pau D’Arco, pouco
mais de 10 quilômetros do centro de Arapiraca. Um clima bastante agradável de
cidade do interior, onde quase toda a família de minha namorada, a Sika,
reside.
Durante a semana, ficamos especulando de ir ao jogo.
Uma prima da Sika se animou e organizou tudo para que pudéssemos ir. Chegando o
dia, lá fomos nós esperar o ônibus (que passa de hora em hora), para ir a
cidade acompanhar a partida: Sika, Jé (meu cunhado), Alexandra, Bombom e Alice
(primas da Sika) e eu.
Chegamos ao centro da cidade e caminhamos por cerca
de vinte minutos até o estádio. Era pouco depois das 14h, quando estávamos na
bilheteria do Estádio Coaracy da Mata, conhecido como Fumeirão. O nome é em homenagem ao prefeito da cidade
na década de 1950 e também fundador do ASA; o apelido, é justamente pela cidade
ser conhecida como grande produtora de fumo.
Vinte reais o ingresso, mas o casadinho saía pelo
mesmo preço. No entorno do estádio, aquela esfera que não existe mais em São
Paulo: uma série de barracas de ambulantes, vendendo uma variedade de lanches e
bebidas.
Antes de entrar, uma revista policial bem
truculenta.
E um sol de rachar mamona. Calor dos bravos para um
jogo as 15h.
Ao entrar no estádio, uma surpresa. Tudo muito
bonito, bem cuidado, gramado em ordem, banheiros limpos. Coisa rara nos
estádios, principalmente os de times menores.
O ASA, como todos sabem, ficou conhecido no cenário
nacional ao desclassificar o Palmeiras da Copa do Brasil de 2002. Hoje é uma
das forças do futebol alagoano, disputando a Série B do Campeonato Brasileiro
desde 2010 e foi vice-campeão da Copa do Nordeste em 2013.
Já o CEO era um time recém-promovido a divisão
principal do campeonato estadual.
O pessoal ficou meio chateado ao saber que o craque
do time, Didira, não iria para o jogo. Antes de o jogo começar, chutei 2 X 0
para o ASA. Fiz minhas apreciações sobre os jogadores que pareciam que jogavam
bem: Jorginho, camisa 8 e Lúcio
Maranhão, camisa 9 do ASA e o Luciano, camisa 2 do CEO.
O jogo começou com cara de que ia ser bom: logo nos
primeiro minutos Danilo Bahia, que substituía o craque Didira, abriu o placar e
fez o primeiro gol do campeonato. A partir daí, o ASA começou a cozinhar o jogo
que ficou truncado. O ASA não fazia a bola fluir e não chutava em gol. O CEO
jogava fechado, explorando contra-ataque.
A torcida não poupava ninguém: jogadores do ASA e do
CEO e principalmente o técnico Leocir Dall’Astra. Xingamentos como Febre do
Rato e seus derivados (Filho da Febre de Rato, Filho da Doença da Febre do
Rato) eram bastante comum. As provocações mais comuns ao adversário são “volta pra fazenda”, “jogador de sítio” ou “isso aqui é gramado de Série B e não aquele
chiqueiro onde vocês jogam”, garantiram nossos momentos de alegria no
estádio.
Acabou o primeiro tempo.
Lúcio Maranhão, dando jóinha pra torcida! |
No começo do segundo tempo, o que parecia difícil de
acontecer – diante a fragilidade do CEO – ocorreu: gol de empate do CEO, marcado
por Danilo Souza. Torcida é tudo muito parecido e a pressão no time só
aumentou. Contudo, aos 15 minutos da etapa final, Lúcio Maranhão, o excelente
camisa 9 do ASA, passou a régua e de cabeça e deu números finais ao placar.
O restante do segundo tempo foi muito bom e bastante
corrido. Chances para os dois lados, mas o jogo acabou mesmo 2 X 1 para o ASA.
O que mais me surpreendeu, foi saber que existia um
jogador nigeriano no banco de reservas do ASA, chamado Alamir e que entrou no
segundo tempo. Foi uma contratação bastante alardeada na cidade, mas o jogador
era muito fraco e os torcedores ficaram decepcionados.
No mais, voltei com a impressão de que logo o Jorginho
e o Lúcio Maranhão estariam na mira de algum clube grande. Excelente jogadores:
um volante bastante participativo e um centroavante bom de bola. Já o
lateral-direito Luciano não foi tão bem quanto eu imaginava.
Na volta, paramos num lugar denominado Sandubaria Escritório,
onde fazem lanches sensacionais. Em homenagem ao jogo, encarei um glorioso ASA
Gigante, uma espécie de X-Tudo reforçado, o qual eu recomendo muito.
FICHA TÉCNICA
ASA 2 x 1 CEO
Árbitro: Charles Hebert Cavalcante
Auxiliares: Pedro Jorge Santos de Araújo e Benílson dos Santos Silva
ASA: Zandoná, Chiquinho Alagoano, André Nunes, Edson Veneno e Vitinha;
Cal, Jorginho, Valdívia(Henri) e Danilo Bahia (Marcelo Costa); Lúcio Maranhão e
Tiago (Alamir).
Técnico: Leocir Dall’astra
CEO: Humberto, Luciano, Humberto
Recife, Ítalo e Júlio Tatu; Miranda, Danilo Souza (Jesiel), Alex (Léo) e Pitolo;
Deizinho (Buiu) e Neto Bala.
Técnico: Alisson Dantas
Cartões Amarelos: Jorginho e
Alamir(ASA); Ítalo(CEO)
Gols: Danilo Bahia 1min 1T e Lúcio Maranhão 15min 2ºT(ASA) Danilo Souza
5min 2ºT(CEO)
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