segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Palmeiras - 99 anos

Nosso blog nasceu da conversa no bar entre quatro amigos, dois palmeirenses e dois corintianos, que acreditam que a vida é sustentada pela tríade: futebol - história - futilidades. Cada qual da sua maneira, procuramos contar nossas experiências e opiniões sempre no intuito de entreter e servir de assunto para mais conversas de bar, assim como são as nossas.

Particularmente hoje é um dia mais que especial para mim pois trata-se do aniversário de 99 anos da Sociedade Esportiva Palmeiras. Caso não saiba, foi uma reunião entre quatro amigos imigrantes italianos em 1914, que sonharam com a criação de um clube que representasse seu povo na cidade de São Paulo.


De lá para cá, muita coisa aconteceu, o mundo mudou, as pessoas mudaram, tudo está diferente. Vivemos glórias e decepções, em todos os aspectos da vida. Isso nos torna humanos. Isso nos torna únicos. Como único é também o sentimento que cada um tem pelo time que ama. Eu amo o Palmeiras. Milhões de pessoas também, e muitas outras não. E isso faz de mim ser apenas o que eu sei ser: palmeirense. 


Amar incondicionalmente é encontrar o seu próprio reflexo diante de si. É saber que existe um pedaço de você, nem que seja uma partícula, naquele universo em que você deseja estar o tempo todo presente. Com o Palmeiras eu vivo todas as emoções passíveis de um ser humano viver, às vezes nem todas são tão boas de se viver, mas até no sofrimento se faz necessário o aprendizado para que nos tornemos cada vez mais fortes. Fiz amigos, amores, tristezas, alegrias, fiz a minha vida e quero fazer a minha história.

O Palmeiras é meu sonho, como é este blog, e como foi o sonho daqueles 4 italianos imgrantes. É necessário muita luta para se conseguir um objetivo, mas acima de tudo, há de se acreditar em si mesmo e no valor que cada um de nós temos. Apesar do nome, tenho pouco de filósofo, não sou capaz de entender muita coisa do mundo. Principalmente o amor, tampouco sei explicá-lo, mas se tivesse que dizê-lo em uma só palavra, só poderia dizer: PALMEIRAS.

À nossa torcida alviverde, meus parabéns e obrigado por ser mais um torcedor que canta e vibra! Avanti!!!


Diógenes Sousa
torcedor da SEPalmeiras

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Jogando Contra a Homofobia - O Beijo da Discórdia

Por Sousa e Martins

A história do futebol possui capítulos muito tristes em relação ao preconceito. No final do século XIX, quando o futebol foi trazido ao Brasil por Charles Müller, e os negros não podiam participar das partidas, em função da condição de escravizado recém-abolida e da sua condição de marginalizado. Nem a possibilidade de ver os jogos lhes era dada. Ainda nos dias de hoje vemos muitos jogadores sendo hostilizados em função de sua cor, inclusive na "democracia racial" chamada Brasil.

Nesse sentido, percebemos que o futebol, por estar inserido em nossa sociedade, acaba reproduzindo os padrões normativos preconceituosos do cotidiano. Incluindo o excluído quando é de seu interesse, e excluindo ainda mais o excluído quando lhe convém.

Crescemos ouvindo que o futebol é uma paixão que move milhões de pessoas por todo o mundo. Agora, leia essa frase novamente e responda: se o futebol move milhões, você acha realmente que todas essas pessoas são heterossexuais?

Humanos, demasiado humanos...

Sim, o futebol é um esporte praticado por seres humanos. Incrível como nos esquecemos disso, né? Ainda mais quando o foco é o time pelo qual torcemos. Emerson Sheik, jogador do Corinthians, é a polêmica da semana, pelo "selinho" dado em um amigo num restaurante em São Paulo, no último domingo. Assim foi com Ronny e Leandro Amaro, durante um treino no Palmeiras em março deste ano e diversos outros casos.

Não estamos aqui discutindo a opção sexual de A ou B. Mas um comportamento que foge os "padrões" heterossexuais estabelecidos é tratado como uma anormalidade que muitas vezes esbarra - quando não cai - na homofobia.

Também não estamos atacando torcedores de time A ou B. Alguns integrantes de organizadas do próprio Corinthians falaram tantas asneiras, que chegou a dar dó da tamanha ignorância e pequenez intelectual. São esse tipo de gente que hostiliza homossexuais na rua, que hostiliza sua namorada no estádio e que ainda fazem um mal sem tamanho ao clube a que torcem, a partir do momento que se sentem no direito de pedir a expulsão do jogador que marcou dois gols e teve a melhor atuação da final do torneio mais cobiçado pelos torcedores do clube: a Libertadores da América.

O problema é que já perdemos outras ótimas oportunidades para debater seriamente esse tema: quando Jorge Lafond -a eterna Vera Verão - declarou ter um caso com um jogador da Seleção Brasileira, ou o ódio/desprezo demonstrado pela torcida sãopaulina com o Richarlyson, ou no próprio caso do Ronaldo e os travestis.

Mas não! Preferimos contribuir com a propagação da normatividade homofóbica, machista e preconceituosa através de piadas de gosto duvidoso e que ridicularizam homossexuais, mulheres e outras minorias. As torcidas preferem apenas rivalizar, utilizando de apelidos jocosos para atingir os rivais, ao invés de engrandecer o próprio time. E digo mais: as organizadas que tanto batem na tecla de que não são uma corja de bandidos, que desenvolvem projetos sociais em suas sedes preferem é fomentar ainda mais a homofobia do que enfrentar um problema da sociedade de frente.

A imprensa também cumpre seu papel, quando trata o assunto como polêmica. Assistindo o Jogo Aberto, por exemplo, ambos os apresentadores trataram o tema como se fosse algo de outro planeta. Trataram de jogar mais combustível na fogueira deixando de lado, por exemplo, um assunto extremamente grave como o espancamento de um flamenguista por parte de uma torcida organizada do São Paulo, como se fosse algo menos relevante.

Pois é: uma demonstração de amor e afeto choca mais as pessoas do que a selvageria!

Estamos nos tornando fundamentalistas extremamente perigosos. Afinal, além de considerarmos os rivais inimigos, transformamos os homossexuais em um inimigo também!

"Os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais" disse Marc Bloch, parafraseando um provérbio árabe. Acho que na maioria das vezes, somos piores como seres sociais do que nossos pais o foram.

Enfim, a intenção aqui não é tornar Emerson Sheik um heroi, um mártir, mas sim servir de alerta para pensarmos e refletirmos sobre as atitudes e julgamentos que a sociedade vem fazendo. É preciso pensar se o próximo passo para a homofobia e as outras formas de preconceito não transformarão o homem em um ser humanofóbico, em que valores como amor, carinho e respeito sejam jogados para escanteio ou deixados no banco de reservas.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Pelos poderes dos pêlos

Como dá pra perceber, o post de hoje não tem muito a ver com futebol, mas tem muita história contida nele. A começar pela suposta polêmica gerada por algumas pessoas nas redes sociais ao se depararem com as fotos da atriz Nanda Costa na Playboy deste mês. Alegou-se ser um absurdo, falta de higiene, de estética, de bom gosto, o fato da atriz não ter depilado os seus pêlos pubianos para o ensaio. Disseram que ela é a nova Claudia Ohana, outra atriz que virou sinônimo de quem não é adepta da depilação.

Quem tem 30 anos ou mais, certamente vai se lembrar de que a "moda" entre as modelos das revistas masculinas era cultivar a "mata atlântica", com o perdão da expressão um tanto pejorativa. Agora, será que era realmente "moda"? Quem a inventou? A natureza humana e seus hormônios, marcados como a fase em que a menina se transforma em mulher? Os pêlos que ali nascem tem a sua função, seja de proteção dos órgãos sexuais, seja meramente estética. 

Praticamente nos anos 2000 para cá começa essa verdadeira caça ao pêlo, visivelmente mostrada pelos ensaios nus em que as modelos cada vez mais aparecem desprovidas de qualquer vestígio daquela mata que cobria as gerações anteriores. Esse é o novo padrão, ditado pela sociedade atual. E, por ser ditado, deve sim ser discutido. Não se ele está certo ou está errado, mas pelo direito da mulher escolher o que achar melhor para si. Quem não segue um padrão, torna-se exceção e, por isso, sofre preconceito e é execrado. Como não vestir a tal roupa, não ouvir a tal música, não seguir tal tendência.

Enfim, o que gruda mais que cera de depilação é alguém ser taxado e julgado por outra pessoa que não compartilha da mesma ideia. O que corta mais fundo que lâmina de barbear é a dor da repressão de quem não segue a própria vontade. Seja o que for, seja quem for, com pêlo ou sem pêlo, seja sempre você mesmo. E seja feliz.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Dica de Leitura #8



O novo estádio do Palmeiras - o Allianz Parque - está entrando em sua fase de finalização e, em breve, o torcedor palmeirense estará de volta à sua casa nova. Enquanto isso, o Verdão vai adotando o Pacaembu como seu segundo lar e fazendo o dever de casa para voltar à série A. Porém, não é a primeira vez que uma reforma acontece lá no Palestra, então, vamos conhecer um pouco sobre a história deste estádio?

O livro ALMA, de José Custódio e Luiz Carlos Fernandes, é excelente para nos contar sobre "a história da arena esportiva mais antiga do país." Além do campo de futebol, onde houve a primeira partida oficial da história, entre o Germânia e o Mackenzie, ocorreu a primeira corrida de automóveis da América Latina e pousou o primeiro avião do nosso correio aéreo.


Feito em quadrinhos com uma ótima qualidade, o livro traz o surgimento do estádio, desde a fundação do Parque da Companhia Antarctica, no finalzinho do século XIX, até os dias atuais, além de momentos históricos como os primeiros títulos do Palestra Italia, a mudança do nome para Palmeiras e os grandes craques que passaram pelo time durante esses quase 100 anos.

É uma emocionante aula de história, que mostra um pouco do crescimento da cidade de São Paulo através do esporte e, principalmente, de demonstração de amor por um clube, amor que não se explica, que vem do fundo do coração, que vem do fundo da Alma.

ALMA - A História da Arena Esportiva mais antiga do País
Custódio e Fernandes
64 páginas