sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Mandela

Há poucas semanas falávamos sobre o racismo no futebol - post anterior - e ontem nos deparamos com a partida de Nelson Mandela, que dispensa maiores apresentações. Como singela homenagem a um dos maiores líderes políticos de todos os tempos, falaremos sobre o filme Invictus, que tem a direção de Clint Eastwood.

Invictus  conta a história do primeiro ano do mandato de Mandela como presidente da África do Sul, quatro anos após sua libertação.  O roteiro é de Anthony Peckham, baseado no livro "Conquistando o Inimigo" de John Carlin. Mandela acreditava no perdão como libertador da alma humana, sendo magistralmente interpretado por Morgan Freeman e tendo Matt Damon como o capitão da seleção sulafricana de rugby no filme.

Mandela percebe que mesmo com o fim do apartheid, a África do Sul ainda sofre com o racismo e com vários problemas econômicos. Na tentativa de unir a nação através do esporte, Madiba - como era chamado entre seu povo - incentiva o capitão do time a vencer o campeonato mundial de 1995.


"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar".
(Nelson Mandela - 1918-2013)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Racismo no Futebol



Ontem, 20 de Novembro, comemorou-se o Dia da Consciência Negra, data da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. A essa data, fazemos uma reflexão acerca da importância do negro na nossa sociedade no mesmo patamar e da mesma maneira que brancos, indígenas e qualquer etnia que seja, há de ser valorizar o ser humano, ainda que essa realidade esteja muito longe de acontecer, com exemplos no nosso cotidiano que nos mostra que esta humanidade ainda tem muito o que aprender.

Vejamos o exemplo do racismo no futebol, que é o carro-chefe do nosso blog. Há casos e mais casos lamentáveis de práticas racistas ao longo da existência do esporte amado por muitos, mas que ainda traz em si muita pequenez. Chama-se o jogador negro de macaco, oferecem a ele bananas na arquibancada,insulta-se das mais diversas formas, uma verdadeira atrocidade que já passou da hora de acabar.


Em um dos casos mais polêmicos do futebol, o jogador Grafite, que atuava pelo São Paulo, em 2005, foi alvo de ofensas racistas do jogador Leandro Desábato, do Quilmes. Disputando a Libertadores da América, os dois times se enfrentavam no Morumbi, quando Grafite empurrou o rosto do zagueiro argentino e foi expulso de campo. Justificando sua atitude, Grafite afirmou que foi vítima de racismo, ao ser chamado de “macaco” pelo argentino. Desábato foi preso no gramado e ficou dois dias na prisão. Grafite prestou queixa contra o argentino, e o jogador só foi liberado após pagar uma multa de R$ 10 mil, e pôde voltar à Buenos Aires, mas se comprometendo a voltar ao Brasil durante o processo. Algum tempo depois, Grafite retirou as queixas contra o argentino.

Se lembrarmos de grandiosos ídolos como Pelé, Coutinho, Luis Pereira, Eusébio, Dener, Dida, Leônidas da Silva, César Sampaio, Freddy Rincón, entre tantos outros jogadores negros, o futebol teria a beleza que é, sem a existência deles? Racismo em qualquer âmbito de nossa convivência como seres humanos é inadmíssivel. Sejamos inteligentes. Sejamos todos felizes!


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Dica de Leitura #9 - Como Viver em São Paulo sem Carro

A dica de leitura de hoje é para quem se depara todo dia com o trânsito caótico e a perda de tempo nos congestionamentos de São Paulo. O problema do trânsito remete ao tempo em que as políticas públicas priorizaram o uso do automóvel, em detrimento de um transporte coletivo que contemplasse a população, ou seja, o carro virou obrigação e não uma opção para as pessoas, já que existe toda aquela mística e glamour sobre o possante de quatro rodas, como o sonho de ter o primeiro carro e assim por diante.

Mas hoje este sonho é um pesadelo e sair às ruas com o carro é cada vez mais complicado, trabalhoso e estressante, seja pela dificuldade de locomoção ou até mesmo para encontrar um lugar para estacionar, haja paciência! Em contrapartida, parece ser a única solução de quem quer fugir de um transporte público precário, com milhares de pessoas aglomeradas em ônibus, trens e metrô com lotações máximas e problemas diários, além de tarifas não condizentes com a qualidade do serviço que prestam.









Será possível, então, viver em São Paulo sem carro? A resposta está no livro de mesmo nome, de Leão Serva e Alexandre Lafer Frankel, em sua segunda edição, com o depoimento de 15 pessoas, como a jornalista Maria Tereza Cruz, a atriz Natália Rodrigues, o médico Paulo Saldiva, entre outros,  que dão dicas de como aproveitar melhor a cidade e seus caminhos, seja de transporte público, bicicleta ou a pé mesmo.

Sabemos que a cidade necessita muito de melhorias em relação a esta questão, mas esse tipo de leitura nos faz refletir se nosso comportamento pode ser mudado para contribuir com este panorama. Procure a página do livro no Facebook, faça o download gratuito do guia e boa leitura!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Contra o Machismo

À medida em que o tempo passa, a sociedade altera seus modos e costumes comportamentais, de maneira que só percebemos isto na longa duração da História. Poucos de nós vimos os homens de antigamente levantarem levemente seus chapéus ao cumprimentarem alguém na rua, por exemplo. Podemos ter visto a evolução tecnológica do video-cassete para o dvd e depois blu-ray. Mas, infelizmente, algumas coisas não mudam.

A intolerância, o preconceito, a falta de respeito, parecem inerentes à condição humana. Esta semana, uma aluna da USP foi atacada no banheiro da Escola Politécnica. O triste caso ganhou notoriedade da mídia, contudo, quantos são os casos em que isso não acontece e o agressor escapa impunemente? A agressão, chegando às vias de fato ou não, talvez possa entendida como uma falsa superioridade que o homem tem pela mulher, o que sabemos que é uma construção ideológica histórica sem fundamento algum.

Um exemplo agressivo deste comportamento são as cantadas às quais as mulheres são submetidas todos os dias, tratadas como uma mercadoria, algo palpável e de fácil aquisição. A leitora do blog, Julia Sellanes, postou em seu perfil numa rede social o depoimento que aqui trazemos na íntegra:

"Vai virar quase um desabafo, mas pelo menos não será gratuito. E sinto, ficou mais longo do que imaginava.
Essa semana tive uma experiência absurdamente desagradável. Mas que me ensinou algo relevante: como o machismo é tão enraizado em nossa sociedade, e perpetuado fortemente pelo próprio sexo feminino. Que ( sem brincadeira) desconhece o que é Machismo.
Conto o caso: Estava eu andando até o banco, em plena avenida movimentada, horário de almoço. Na direção contrária vem vindo dois homens, e um deles, ao passar por mim resolve "mexer" comigo, incluindo uma tentativa física de " tirar um casquinha", enquanto ele passava por mim. Fiquei chocada, como que não acredita que está acontecendo, só com a reação de se afastar o mais rapidamente e correr.

(Você pode falar "Ah Julia, mas isso acontece toda hora". E eu concordo. Acontece toda hora. E por acontecer toda hora e ser algo "pequeno" para muitos, digo que o machismo está mais enraizado ainda.)

Tal foi minha surpresa que, contando para algumas colegas, recebi a seguinte resposta " Julia, isso não é machismo. Isso é desrespeito. Esse cara é um maníaco". E isso, senhoras e senhores, me deixou quase mais chocada do que o ato em si.

Como assim isso não é machismo?? É óbvio que é um desrespeito para com minha humanidade. Mas é também machismo!! Vamos tentar pensar com a cabeça daquele indivíduo, que se sentiu no direito de se aproveitar de mim naquele momento. O que esta pessoa pensa que uma mulher é? Para ele, somos como carne, como um objeto. Eu não tenho vontade própria. Não existe o mínimo achismo de imaginar que talvez eu não quisesse ser abordada por um estranho, me dizendo o que ele está afim de fazer comigo. Não existe o mínimo. Sou um cachorro vira-lata, uma lixeira, uma mulher. Existo para alguns fins específicos, dentre eles, ficar quieta e " agradecer" por ser elogiada por um estranho na rua. É óbvio que isso é machismo. Existe um sentimento de superioridade em relação a minha pessoa. Afinal "sempre ouvimos essas coisas. E sempre vamos ouvir".

Quer saber quando a coisa é "machismo" ou "sexismo"? Simplesmente troque os papéis da ação. Acha possível uma mulher INTIMIDAR um homem em plena rua movimentada? Óbvio, que existem os casos...mas é regra? É regra mulher bater em homem, dentro de casa, sem o mesmo poder se defender? É regra uma mulher estuprar um homem? É regra um homem estar andando sozinho na rua com medo de ser violentado de algum jeito por uma mulher? Não é regra, não é mesmo? Todo o contrário é muito mais possível, não? Isso é sexismo. Isso é machismo. São violências específicas, quase como uma tradição de violência, para com um ser que...bem...ninguém quer saber o que ela acha do seu "princesa", " gatinha" ou " ô la em casa", não é mesmo? Isso é sentimento de superioridade de um sexo em relação ao outro. Isso é machismo.

" Mas Julia ! Se não posso chamar a garota de gatinha na rua, como vou chegar nela?Como posso conhecê-la...afim de rolar uma linda história de amor???" . Já tentou um simples " bom dia" ? Que tal mostrar pra ela que ela é um ser humano, e não uma picanha?

Chamar o indivíduo que me abordou de " maníaco" é muito fácil. É tirar todo o teor de machismo que existe dentro dele. Ele não era um maníaco, um bêbado, cheio de crack. Tava na cara que ele saiu de algum serviço para almoçar. Era um cara normal. Pq é daí que sai o machismo! De caras absolutamente normais, pais de família. Ele não era uma maníaco. Simplesmente um cara acostumado a tratar mulher como carne. O machismo é normal. É regra. Estamos acostumadas. A tal ponto, que nem vemos o machismo, o sentimento de superioridade. Ou você não conhece nenhum homem que no mínimo um " ô lá em casa! " já não gritou para uma garota? Isso é tradição da violência. Isso é machismo."

O Futebol, História e Futilidades é totalmente contra qualquer tipo de desrespeito. 

Machismo aqui é bola fora!!! 

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Andrés Sanches: O Bom, o Mau e o Feio


















Andrés Sanches pode ser enquadrado como sendo ao mesmo tempo os três personagens do clássico filme de Sergio Leone, "O Bom, o Mau e o Feio". Visto como "o Bom" por considerável parte da torcida do Corinthians; como "o Mau" por considerável parte dos torcedores adversários e, last but not least, "o Feio", tanto por sua figura do ponto de vista estético quanto por sua atuação em recentes casos, como o do "Clube dos 13", "CBF" e, mais recentemente, na reunião com Romário e Chilavert sobre o futebol sulamericano.

O Bom

Como já adiantado, Andrés é tido por considerável parte da torcida corinthiana como um grande, alguma parte o considera o maior, presidente do Corinthians. Além do "sonho da casa própria" realizado, Andrés de fato ajustou as contas do clube, agregou um novo significado e magnitude à marca Corinthians, foi responsável pela concretização dos planos de um CT moderno, o que os rivais já possuíam há boas décadas, enfim, uma série de realizações.
Ainda que muitos adeptos, e muitos adversários, consigam perceber que Andrés não é um personagem dos faroestes, maniqueísta, sua figura em muitas discussões toma forma de Deus pelos partidários e de Diabo pelos opositores. Em qualquer dos lados, o que ocorre é um pré conceito na avaliação de sua atuação como dirigente.

O Mau

Em estatísticas não oficiais, quer dizer, no puro achismo, 9 entre 10 torcedores rivais não "vão com a cara" de Andrés Sanches. Parte dessa "birra" pode se dever ao fato do status que o presidente corinthiano alçou o time de Parque São Jorge. Outra parte dessa visão dos torcedores dos demais clubes pode ser também uma reação ao modo como o ex presidente é tratado pelos torcedores alvinegros e pelo modo mais informal com que Andrés exerceu a presidência. Não me lembro de caso parecido com algum presidente de qualquer clube do mundo com aquele jogo em que Andrés assistiu junto da torcida, na arquibancada, lugar avesso ao conforto das tribunas ao qual estamos todos acostumados a ver os presidentes. Afora todo o exposto, Andrés sempre "brigou" pelos interesses do Corinthians. Quando saliento isso, quero explicitar o fato de que se a gestão encontrava algum entrave aos seus interesses gerado por algum clube, Andrés simplesmente optou pelo Corinthians em vez das soluções políticas. Caso exemplar foi o de não mais jogar alugando o estádio do Morumbi.

O Feio

Recentemente diversas reuniões "em prol do futebol como um todo" têm sido feitas. O movimento de jogadores "Bom Senso FC" em relação ao calendário vêm de uma tendência que, bem ou mal, podemos tomar como ponto a dissolução do "Clube dos 13". O monopólio do repasse dos direitos de transmissão exercido pelo "Clube dos 13" mostrava-se, no mínimo, improdutivo do ponto de vista econômico, já que as cifras no primeiro contrato negociado individualmente cresceram para todos os clubes.
A atuação de Andrés pós Corinthians, na CBF, se mostrou bastante conturbada em relação ao caso Mano Meneses. A aparente estreita relação com Ricardo Teixeira também deixava Andrés aos olhos da opinião pública como mais um vilão do futebol, já que Teixeira e sua atuação como presidente têm sido questionada há um bom tempo do ponto de vista ético. A mudança de presidente da instituição e a demissão de Mano, o técnico de Andrés, colocou anches em uma posição insustentável. A demissão era o único caminho.
O vulto de Andrés voltou a se manifestar no começo de setembro. Uma reunião para discutir o futebol sulamericano, criticado desde os tempos à frente do Corinthians, foi realizada no Parque São Jorge com as presenças mais repercutidas do deputado Romário, notabilizado no cargo com processos relativos à CBF, e Chilavert e Maradona. Os rumos ou os porquês da reunião ainda permanecem nas versões oficiais, que não cabem ser discutidas aqui graças às matérias presentes nos maiores sites de comunicação que podem facilmente ser acessadas. Porém, apenas pela presença de Andrés na reunião já foram ouvidos burburinhos em relação a esses rumos e porquês...


O objetivo deste post, autoral em seu conteúdo, não é de forma alguma encerrar ou "dar números finais à partida", mas sim oferecer um panorama do que posso perceber nessa questão. Creio que nos dois extremos das opiniões esse post não representará grande coisa. Porém, para aqueles que se colocam em posição de pensar sobre o futebol de forma mais "científica" esse post pode trazer argumentos e certa bagagem para continuarmos essa discussão que ainda está bem longe de terminar.

(Post publicado simultaneamente em http://ehtudohistoria.blogspot.com.br/)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Futebol, Crianças e Heróis



Chegou o mês das crianças e como é bom celebrar este momento de alegria junto a elas, vendo seus sorrisos estampados em toda parte. A alegria de muitas crianças da minha época, quando não havia internet e suas redes sociais que nos emaranham em frente a uma tela de celular, pc ou tablet, era a bola de futebol. Ou algo que lembrasse uma: lata, meia, jornal enrolado com fita adesiva, etc. Lembrando que se jogava na rua, ou nos terrenos ou campos de várzea, fazendo as traves com pedras, tijolos ou chinelos.

O futebol, portanto, estava integrado ao cotidiano infantil e as discussões clubísticas eram inevitáveis, cito como exemplo o trio-de-ferro paulista, com importante destaque na década de 90, o Palmeiras com a Era Parmalat, o São Paulo de Telê e o Corinthians de Marcelinho Carioca.

Outro fato marcante na infância de muitos eram as histórias em quadrinhos da Marvel e da DC Comics publicadas aqui pela Editora Abril. Homem-Aranha, Hulk, Superman e Batman, entre tantos outros, dividiam lugar na banca de jornal com os álbuns de figurinhas do Campeonato Brasileiro.

Para unir esta paixão pelo futebol com o mundo dos heróis, a Revista Placar, da mesma editora, criou, em 1995, uma sessão chamada Os Super-Heróis da Bola. Era um grupo de 12 heróis, cada qual representando um time do Eixo Rio-São Paulo, além de Minas e Rio Grande do Sul. Assim sendo, temos:




TRIMINATOR - FLUMINENSE
COLORADO DO ESPAÇO - INTER-RS
GALO VINGADOR - ATLÉTICO-MG
CYBERPORK - PALMEIRAS
LANÇA CHAMAS - BOTAFOGO
ACQUATÔMICO - SANTOS
THUNDER TRICOLOR - SÃO PAULO
POWER URUBU - FLAMENGO
CAPITÃO VASCO - VASCO
MEGA TIMÃO - CORINTHIANS
FOX - CRUZEIRO
ESPADACHIM AZUL - GRÊMIO



O projeto, do então redator de direção, Marcelo Duarte, não surtiu o efeito desejado e acabou sendo engavetado. Mesmo assim, vale a pena usar um pouco a imaginação e viajar nessas histórias onde nosso time é mais que nosso eterno campeão, é o nosso herói, nosso sonho de criança. Até a próxima!


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Homenagem - Mauro Beting

No dia 2 de Setembro, o jornalista e comentarista Mauro Beting comemorou mais um aniversário. Na imprensa desde os anos 90, certamente você já o viu em algum canal de televisão, já o ouviu no rádio e já leu suas colunas no jornal e na internet, até mesmo nos videogames. Ele é unânime entre os que acompanham futebol, pelo modo imparcial como comenta e escreve, pelo senso de humor inteligente que lhe é peculiar. Nunca negou a ninguém que é palmeirense e nunca fez questão de ser lembrado por isso.


Juntamente com outros jornalistas, lançou há pouco tempo o canal CHUPA FC, em que sua veia cômica está ainda mais veemente, muito mais até do que sua vasta cabeleira. Além disso, é autor dos livros A Ira de Nasi, Nunca fui Santo, Bolas & Bocas - Frases de Craques e Bagres do Futebol, As Melhores Seleções Estrangeiras de Todos os TemposOs Dez Mais do Palmeiras, Fim do Jejum - Início da Lenda, entre outros.


O futebol é um esporte tão simples que, explicá-lo, paradoxalmente, é algo complicado, pois é necessário escapar do óbvio. Mauro faz isso exatamente como seu amado pai Joelmir fazia com a economia, consegue transcrever seus conceitos de forma palpável, plausível, prazerosa.

Mauro é exemplo de quem faz o que gosta e Beting é sinônimo de quem sabe como fazer. Orgulho de Joelmir e Lucila. Da esposa e filhos. Do jornalismo brasileiro, da torcida palmeirense, de todos amantes do futebol e espelho para quem tergiversa sobre História, Futebol e Futilidades. 


Parabéns, Mauro!

domingo, 1 de setembro de 2013

Corinthians - 103 anos



Bairro do Bom Retiro. Esquina da rua José Paulino com a Cônego Martins. Por volta das 20h30 do dia 1º de setembro de 1910, quatorze operários fundaram o Sport Club Corinthians Paulista. Miguel Battaglia fora escolhido seu primeiro presidente e imortalizou a célebre frase:

"O Corinthians vai ser o time do povo e o povo é quem vai fazer o time"

De fato, o Corinthians ficou marcado em sua longeva história como o time do povo, das classes mais humildes e menos favorecidas social e economicamente.  Mas desde sua fundação, o clube cresceu de tal forma que sua torcida abrange a todas as classes e setores da sociedade. Contudo, o sangue maloqueiro continua a correr nas veias de todos os corintianos, independente de sua classe social.

Time de sofredores, de vinte e três anos sem títulos, da corrupta “Era Dualib”, do rebaixamento à Série B em 2007.

Mas também o fantástico time da Era de Ouro dos anos 1950, da Invasão do Maracanã em 1976, da quebra do jejum no ano posterior, da Democracia Corintiana da década de 1980, do time multicampeão do final da década de 1990, ao também elenco multicampeão atual.

Time que elevou a condição de ídolo jogadores pouco badalados como o Pé de Anjo Basílio, o raçudo Biro Biro, ao voluntarioso Tupãzinho.

Time que pode idolatrar craques como Luizinho, Rivelino, Sócrates, Casagrande, Ronaldo.

O time do Mosqueteiro e de São Jorge.

O time da Fiel.

Dizem que o Corinthians não é um time que tem uma torcida, mas uma Torcida que tem um time. E nada faz o Corinthians maior do que ele é, que cada um de nós que estamos no Pacaembú e em todos os rincões do país.

Títulos são importantes. História também o é. E temos as duas coisas, diga-se de passagem. Mas nada é mais importante que o nosso AMOR incondicional pelo Corinthians.

Parabéns a todos nós que fazemos parte dessa religião chamada Corinthians, pelos 103 anos de História!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Palmeiras - 99 anos

Nosso blog nasceu da conversa no bar entre quatro amigos, dois palmeirenses e dois corintianos, que acreditam que a vida é sustentada pela tríade: futebol - história - futilidades. Cada qual da sua maneira, procuramos contar nossas experiências e opiniões sempre no intuito de entreter e servir de assunto para mais conversas de bar, assim como são as nossas.

Particularmente hoje é um dia mais que especial para mim pois trata-se do aniversário de 99 anos da Sociedade Esportiva Palmeiras. Caso não saiba, foi uma reunião entre quatro amigos imigrantes italianos em 1914, que sonharam com a criação de um clube que representasse seu povo na cidade de São Paulo.


De lá para cá, muita coisa aconteceu, o mundo mudou, as pessoas mudaram, tudo está diferente. Vivemos glórias e decepções, em todos os aspectos da vida. Isso nos torna humanos. Isso nos torna únicos. Como único é também o sentimento que cada um tem pelo time que ama. Eu amo o Palmeiras. Milhões de pessoas também, e muitas outras não. E isso faz de mim ser apenas o que eu sei ser: palmeirense. 


Amar incondicionalmente é encontrar o seu próprio reflexo diante de si. É saber que existe um pedaço de você, nem que seja uma partícula, naquele universo em que você deseja estar o tempo todo presente. Com o Palmeiras eu vivo todas as emoções passíveis de um ser humano viver, às vezes nem todas são tão boas de se viver, mas até no sofrimento se faz necessário o aprendizado para que nos tornemos cada vez mais fortes. Fiz amigos, amores, tristezas, alegrias, fiz a minha vida e quero fazer a minha história.

O Palmeiras é meu sonho, como é este blog, e como foi o sonho daqueles 4 italianos imgrantes. É necessário muita luta para se conseguir um objetivo, mas acima de tudo, há de se acreditar em si mesmo e no valor que cada um de nós temos. Apesar do nome, tenho pouco de filósofo, não sou capaz de entender muita coisa do mundo. Principalmente o amor, tampouco sei explicá-lo, mas se tivesse que dizê-lo em uma só palavra, só poderia dizer: PALMEIRAS.

À nossa torcida alviverde, meus parabéns e obrigado por ser mais um torcedor que canta e vibra! Avanti!!!


Diógenes Sousa
torcedor da SEPalmeiras

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Jogando Contra a Homofobia - O Beijo da Discórdia

Por Sousa e Martins

A história do futebol possui capítulos muito tristes em relação ao preconceito. No final do século XIX, quando o futebol foi trazido ao Brasil por Charles Müller, e os negros não podiam participar das partidas, em função da condição de escravizado recém-abolida e da sua condição de marginalizado. Nem a possibilidade de ver os jogos lhes era dada. Ainda nos dias de hoje vemos muitos jogadores sendo hostilizados em função de sua cor, inclusive na "democracia racial" chamada Brasil.

Nesse sentido, percebemos que o futebol, por estar inserido em nossa sociedade, acaba reproduzindo os padrões normativos preconceituosos do cotidiano. Incluindo o excluído quando é de seu interesse, e excluindo ainda mais o excluído quando lhe convém.

Crescemos ouvindo que o futebol é uma paixão que move milhões de pessoas por todo o mundo. Agora, leia essa frase novamente e responda: se o futebol move milhões, você acha realmente que todas essas pessoas são heterossexuais?

Humanos, demasiado humanos...

Sim, o futebol é um esporte praticado por seres humanos. Incrível como nos esquecemos disso, né? Ainda mais quando o foco é o time pelo qual torcemos. Emerson Sheik, jogador do Corinthians, é a polêmica da semana, pelo "selinho" dado em um amigo num restaurante em São Paulo, no último domingo. Assim foi com Ronny e Leandro Amaro, durante um treino no Palmeiras em março deste ano e diversos outros casos.

Não estamos aqui discutindo a opção sexual de A ou B. Mas um comportamento que foge os "padrões" heterossexuais estabelecidos é tratado como uma anormalidade que muitas vezes esbarra - quando não cai - na homofobia.

Também não estamos atacando torcedores de time A ou B. Alguns integrantes de organizadas do próprio Corinthians falaram tantas asneiras, que chegou a dar dó da tamanha ignorância e pequenez intelectual. São esse tipo de gente que hostiliza homossexuais na rua, que hostiliza sua namorada no estádio e que ainda fazem um mal sem tamanho ao clube a que torcem, a partir do momento que se sentem no direito de pedir a expulsão do jogador que marcou dois gols e teve a melhor atuação da final do torneio mais cobiçado pelos torcedores do clube: a Libertadores da América.

O problema é que já perdemos outras ótimas oportunidades para debater seriamente esse tema: quando Jorge Lafond -a eterna Vera Verão - declarou ter um caso com um jogador da Seleção Brasileira, ou o ódio/desprezo demonstrado pela torcida sãopaulina com o Richarlyson, ou no próprio caso do Ronaldo e os travestis.

Mas não! Preferimos contribuir com a propagação da normatividade homofóbica, machista e preconceituosa através de piadas de gosto duvidoso e que ridicularizam homossexuais, mulheres e outras minorias. As torcidas preferem apenas rivalizar, utilizando de apelidos jocosos para atingir os rivais, ao invés de engrandecer o próprio time. E digo mais: as organizadas que tanto batem na tecla de que não são uma corja de bandidos, que desenvolvem projetos sociais em suas sedes preferem é fomentar ainda mais a homofobia do que enfrentar um problema da sociedade de frente.

A imprensa também cumpre seu papel, quando trata o assunto como polêmica. Assistindo o Jogo Aberto, por exemplo, ambos os apresentadores trataram o tema como se fosse algo de outro planeta. Trataram de jogar mais combustível na fogueira deixando de lado, por exemplo, um assunto extremamente grave como o espancamento de um flamenguista por parte de uma torcida organizada do São Paulo, como se fosse algo menos relevante.

Pois é: uma demonstração de amor e afeto choca mais as pessoas do que a selvageria!

Estamos nos tornando fundamentalistas extremamente perigosos. Afinal, além de considerarmos os rivais inimigos, transformamos os homossexuais em um inimigo também!

"Os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais" disse Marc Bloch, parafraseando um provérbio árabe. Acho que na maioria das vezes, somos piores como seres sociais do que nossos pais o foram.

Enfim, a intenção aqui não é tornar Emerson Sheik um heroi, um mártir, mas sim servir de alerta para pensarmos e refletirmos sobre as atitudes e julgamentos que a sociedade vem fazendo. É preciso pensar se o próximo passo para a homofobia e as outras formas de preconceito não transformarão o homem em um ser humanofóbico, em que valores como amor, carinho e respeito sejam jogados para escanteio ou deixados no banco de reservas.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Pelos poderes dos pêlos

Como dá pra perceber, o post de hoje não tem muito a ver com futebol, mas tem muita história contida nele. A começar pela suposta polêmica gerada por algumas pessoas nas redes sociais ao se depararem com as fotos da atriz Nanda Costa na Playboy deste mês. Alegou-se ser um absurdo, falta de higiene, de estética, de bom gosto, o fato da atriz não ter depilado os seus pêlos pubianos para o ensaio. Disseram que ela é a nova Claudia Ohana, outra atriz que virou sinônimo de quem não é adepta da depilação.

Quem tem 30 anos ou mais, certamente vai se lembrar de que a "moda" entre as modelos das revistas masculinas era cultivar a "mata atlântica", com o perdão da expressão um tanto pejorativa. Agora, será que era realmente "moda"? Quem a inventou? A natureza humana e seus hormônios, marcados como a fase em que a menina se transforma em mulher? Os pêlos que ali nascem tem a sua função, seja de proteção dos órgãos sexuais, seja meramente estética. 

Praticamente nos anos 2000 para cá começa essa verdadeira caça ao pêlo, visivelmente mostrada pelos ensaios nus em que as modelos cada vez mais aparecem desprovidas de qualquer vestígio daquela mata que cobria as gerações anteriores. Esse é o novo padrão, ditado pela sociedade atual. E, por ser ditado, deve sim ser discutido. Não se ele está certo ou está errado, mas pelo direito da mulher escolher o que achar melhor para si. Quem não segue um padrão, torna-se exceção e, por isso, sofre preconceito e é execrado. Como não vestir a tal roupa, não ouvir a tal música, não seguir tal tendência.

Enfim, o que gruda mais que cera de depilação é alguém ser taxado e julgado por outra pessoa que não compartilha da mesma ideia. O que corta mais fundo que lâmina de barbear é a dor da repressão de quem não segue a própria vontade. Seja o que for, seja quem for, com pêlo ou sem pêlo, seja sempre você mesmo. E seja feliz.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Dica de Leitura #8



O novo estádio do Palmeiras - o Allianz Parque - está entrando em sua fase de finalização e, em breve, o torcedor palmeirense estará de volta à sua casa nova. Enquanto isso, o Verdão vai adotando o Pacaembu como seu segundo lar e fazendo o dever de casa para voltar à série A. Porém, não é a primeira vez que uma reforma acontece lá no Palestra, então, vamos conhecer um pouco sobre a história deste estádio?

O livro ALMA, de José Custódio e Luiz Carlos Fernandes, é excelente para nos contar sobre "a história da arena esportiva mais antiga do país." Além do campo de futebol, onde houve a primeira partida oficial da história, entre o Germânia e o Mackenzie, ocorreu a primeira corrida de automóveis da América Latina e pousou o primeiro avião do nosso correio aéreo.


Feito em quadrinhos com uma ótima qualidade, o livro traz o surgimento do estádio, desde a fundação do Parque da Companhia Antarctica, no finalzinho do século XIX, até os dias atuais, além de momentos históricos como os primeiros títulos do Palestra Italia, a mudança do nome para Palmeiras e os grandes craques que passaram pelo time durante esses quase 100 anos.

É uma emocionante aula de história, que mostra um pouco do crescimento da cidade de São Paulo através do esporte e, principalmente, de demonstração de amor por um clube, amor que não se explica, que vem do fundo do coração, que vem do fundo da Alma.

ALMA - A História da Arena Esportiva mais antiga do País
Custódio e Fernandes
64 páginas

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Futebol pelo Mundo – São Thomé das Letras



Foram três dias intensos de heavy metal em Varginha. Festival Roça’n Roll, acontecendo na fazenda Estrela.

De lá íamos esticar nossa viagem até São Thomé das Letras, fazer umas trilhas, ver umas cachoeiras, tomar umas cachaças.

Tudo começou com o fim do último dia de evento do festival. Desmontamos acampamento, colocamos as mochilas nas costas e rumamos para pegar o ônibus que nos levaria até a cidade.

Uma caminhada até a rodoviária, um lanche e uma dormida das 3h30 da madrugada até as 6h da manhã, já que o ônibus que ia para Três Corações sairia meia hora depois. Parada na cidade que o Pelé nasceu e pegamos outro ônibus até São Thomé.

Chegamos na cidade por volta das 9h da manhã, encontramos o camping, montamos acampamento e demos uma boa descansada.

Depois do descanso, o mercado. Compramos os suprimentos e na volta para o camping, um carro de som anunciava: “É hoje, às 14h, o jogo entre o São Thomé Esporte Clube e Sociedade Esportiva Juventus de São Bento Abade, no Arizão. Prestigiem!”

Na mesma hora, Gustavo e eu nos olhamos e dissemos: “vamos ver esse jogo”.

Vista do lado interno do Arizão
Almoçamos, pegamos a máquina fotográfica e lá fomos nós para o Arizão.

Chegamos às 14h em ponto. E tudo muito vazio, muito tranquilo. Começaram a chegar os primeiros torcedores e descobrimos, que na verdade, o jogo seria às 15h. Resolvemos que iríamos tomar uma cerveja.

Nesse ínterim surge o torcedor-símbolo do São Thomé, o Zé Carlos: já entra embriagado, tumultuando e dizendo que ia tocar o terror no bandeirinha. Também sentou um senhor do nosso lado. Começou a contar história da época em que jogou e também treinou o time da cidade. Que jogavam num campo de pedregulhos, com barranco para todos os lados do campo.

Eis que surge o time da casa. 14h45 e nada do time adversário. Passam-se uns dez minutos e o time de São Bento chega, junto com sua torcida barulhenta. Ficamos sabendo que a viagem atrasou porque o motorista do ônibus, que trouxe o time e a torcida, atropelou um motoqueiro no caminho.

A torcida adversária interrompeu o nosso papo com o senhor, que estava interessante.

14h55 entra o goleiro adversário para se aquecer e junto com ele o trio de arbitragem. Uma enrolação sem fim e a gente a fim de mais uma cerveja.

Ambos os times em campo, saúdam a torcida e mais demora. Por fim, o jogo começa com uns 20 minutos de atraso.

São Thomé Esporte Clube
Grudamos no alambrado e começamos a conversar sobre quem seriam os destaques. Gustavo apostou no camisa 7 do time de São Thomé, dizendo que parecia o líder do time e também pelos passes no aquecimento. Eu apostei no camisa 9, que tinha jeito de fazedor de gol. Do time de São Bento, quem chamou a atenção foi um sósia do Ronaldinho Gaúcho.

Só um parêntese: é incrível que quase em toda pelada que participo ou assisto tem um sósia do R10. Em Alagoas foi assim, por exemplo...

Jogo começa e vai amarrado até o fim do primeiro tempo. A única coisa que salvava era o volante do time de São Thomé: sujeito franzino e com perfil de veterano que não perdia uma bola dividida e antecipava a marcação como poucos que eu vi. Usava a camisa 17.

Mas o jogo continuava tão ruim que o bandeirinha que estava do nosso lado, virou para gente e disse: “esse jogo está ruim demais, parece que os dois times estão com medo de perder”. Assim, sem o mínimo de decoro mesmo. E para seu azar ainda teve que escutar o Zé Carlos dizendo que ia arrancar a orelha dele, arrancar o carrapato que supostamente estaria preso na orelha dele com o dente, para finalizar com “o bandeirinha, não fica triste não”.

Fim do primeiro tempo e um pulo ao mercado para comprar mais uma cerveja.

Começa o segundo tempo mais agitado. O goleiro de São Thomé não segurava uma bola e assustava a torcida. Mas aí que os craques de São Thomé resolveram a partida: primeiro o camisa 7 num bate e rebate na área do Juventus; e o segundo do camisa 9, gol de centroavante, entrando por trás da zaga e fuzilando o goleiro, mesmo depois de um escorregão.

Infelizmente as intempéries climáticas não permitiram que assistíssemos ao jogo até o fim. Uma chuva colossal se aproximava e preocupados com a possibilidade de um dilúvio destruir nossas barracas, voltamos ao camping para montá-las num local mais protegido.

Assim terminou uma das experiências mais engraçadas da minha vida, no que diz respeito ao futebol.

Se o jogo não primou pela qualidade técnica, garantiu diversão através do Zé Carlos e dos torcedores que apelidaram o juiz de “bunda baixa”. Fora a bateria menos animada que eu já vi e os gritos de guerra que a gente usava no primário.

Não é só pelos cinco títulos mundiais com a seleção. Não é só pelo domínio dos clubes brasileiros nos campeonatos continentais. Não é só pelo Pelé, Romário, Ronaldo, Ronaldinho e outros gênios dentro de campo (as vezes não tão gênios fora deles).No fim das contas, é vendo que existe futebol e campeonatos amadores em lugares tão ermos e pequenos como São Thomé e São Bento é que faz sentido a afirmação: “Brasil, a pátria de chuteiras”.

Ficamos devendo a ficha técnica. Nesse caso, nem a internet pode nos salvar.