As crises econômicas são
inevitáveis ao sistema capitalista, disse Karl Marx.
O mundo vem assistindo a uma
grande crise econômica durante os últimos cinco anos. Tudo começou com a quebra
do Lehman Brothers, tradicional banco de investimentos norte-americano, que
desencadeou uma série de quebras de outras instituições financeiras. A crise
não se restringiu apenas ao sistema econômico dos Estados Unidos: o efeito
sistêmico ocorrido atingiu todo o mercado financeiro mundial e em poucas
semanas começou a atingir a Europa e o primeiro “sintoma” foi à estatização de
um dos maiores bancos islandeses.
Os países europeus –
principalmente os da Zona do Euro – criaram pacotes na tentativa de evitar o
colapso de seus sistemas financeiros. No entanto, nenhuma política econômica
foi eficiente e em 2011 a
crise se instalou de vez na Europa, pois faltou justamente uma melhor gestão
política da União Européia em gerir os endividamentos públicos de países como
Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e em maior gravidade na Grécia.
O resultado disso foi fuga de
capital, falta de crédito, aumento de desemprego, queda do PIB e a
possibilidade de uma recessão econômica de escala mundial.
E o que isso tem haver com
Futebol?
O post originou-se de uma
indagação do comentarista esportivo da ESPN Paulo Vinícius Coelho, o PVC, que
diante da negociação do jovem zagueiro Marquinhos do Corinthians para o Roma
questionava se valeria a pena para um jogador de futebol trocar o Brasil para
ir para um país afundado na (talvez) maior crise econômica de todos os tempos.
O argumento do garoto é que no
Corinthians ele é a quinta opção e tem poucas chances de jogar, ao contrário do
time italiano que só possui dois zagueiros – Burdisso e Leandro Castán – e suas
chances de atuar são maiores.
No entanto, ele atuará em uma
liga que não é mais tão forte como já fora um dia, em uma equipe tradicional,
mas que, entretanto não tem muitas pretensões para a temporada. O Roma também
vive uma época de vacas magras, de elenco enxuto e sem muito dinheiro para grandes
investimentos. É o reflexo da crise do sistema capitalista no futebol
profissional.
Na verdade, a maioria dos times
europeus vive num período de pouco dinheiro em caixa. Até os poderosos
e gastões espanhóis Barcelona e Real Madrid apertaram os cintos, mesmo levando em
conta os quase 40 milhões de euros pagos pelo meia Modric, pelo time madrileno:
uma temporada de poucas contratações, perante a gastação desenfreada de
outrora.
Tirando exceções como o PSG, que
contam com investimentos vindos do Oriente Médio e/ou dos magnatas russos, os
times europeus tem procurado uma política de contratação moderada.
É engraçado perceber que nos dias
atuais, as jovens promessas preferem ir para ligas menos importantes ou times
que não disputam títulos no exterior para poder jogar. Nas décadas de 1980 e
1990, as jovens promessas eram emprestadas aos times do interior para jogar e
adquirir experiência. Voltavam amadurecidos e logo viravam titulares, como o
caso do Viola e do Casagrande que jogaram no São José e no Caldense
respectivamente, assim que viraram profissionais.
Hoje o Marquinhos vai ganhar
experiência no Roma. E os times europeus vêm atrás de jogadores com 18 anos,
reservas nos times brasileiros, para reforçarem seus elencos.
Parece contra-senso...
Eu se fosse jogador e tivesse 18
anos, preferiria ficar no Brasil. Os salários são bons – equiparados aos da
Europa – sendo o custo de vida relativamente baixo, perto das principais
cidades européias. A estrutura de boa parte dos clubes brasileiros, sobretudo
os de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul são tão boas (ou melhores)
que da maioria dos clubes europeus.
Se quisesse ter chance de atuar,
pediria para ser emprestado para algum time de menor expressão, que dispute a
Série B do Brasileiro. Atuaria por esse clube por uma ou duas temporadas,
ganharia experiência e amadureceria disputando um campeonato complicado e
voltaria para brigar por posição no meu time formador. Iria para Europa apenas
se fosse para atuar num grande clube, com condições de ganhar a Champions
League.
Entre ter oportunidade de jogar
num grande clube Brasileiro como o Corinthians ou ir atuar na quinta ou sexta
força do Calcio, é melhor ficar no Brasil e ter chances de ser campeão
brasileiro ou sulamericano.
Infelizmente hoje os jogadores
são alienados e fazem aquilo que seu staff quer. Não tem opinião própria, a
compram de seus empresários e vão se esconder na Rússia ou na Ucrânia. Largam a
possibilidade de jogar nos maiores clubes do Brasil para disputar posição em
times médios da Europa, enquanto muitos fazem o caminho inverso.
A crise não é só financeira. É de
personalidade...