Por AFMP e Martins
E lá vou eu mais uma vez assistir o
Corinthians in loco. As 21h45
começaria mais uma das fatídicas partidas do meu time na Libertadores da
América.
Sempre gostei de chegar cedo ao
estádio. Ficava sempre junto das organizadas, na arquibancada amarela. Cheguei
na praça Charles Miller com o busão da Estopim da Fiel, umas duas horas antes
do início da partida, não me lembro bem. Entramos no estádio sem muitos
problemas e nos acomodamos nos assentos de sempre.
O adversário? River Plate, da
Argentina.
Assim como o tradicional migué na aula, naqueles tempos eu
tradicionalmente deixava para comprar o ingresso na última hora junto com um
camarada, o apelidado Bro’z, confiando na sorte e nos cambistas. Quando pegamos
os ingressos, ao preço de R$ 80, os dois, percebi uma coisa estranha: os
ingressos eram diferentes...
A escalação que ficaria marcada
pelo fracasso? Silvio Luiz, Coelho (Eduardo Ratinho), Marcos Vinícius, Betão e
Rubens Júnior; Marcelo Mattos, Xavier (Roger Chinelinho) Ricardinho e Carlos
Alberto (Rafael Moura); Tevez e Nilmar. O técnico a época, o coroa metrossexual
Ademar Braga.
Dada a diferença visual nos ingressos, deixei o camarada passar
primeiro na catraca, já que se o ingresso dele não funcionasse, voltaríamos
para tirar satisfação com o cambista. Quando ele colocou o ingresso na catraca,
nenhum problema. Resultado? Provavelmente o meu que estaria “zoado”. Quando fui
passar, escutei em alto em bom som, à revelia do barulho do estádio, o
“estrondo” característico da catraca quando o ingresso é falso. O “catraqueiro”
prontamente disse: “O ingresso é falso. Pode ‘sair fora’”.
Perdi aula, gastei quase o triplo comprando o ingresso e não consigo
entrar no estádio. Como último arroubo de insistência, fui na última catraca do
lado direito, completamente contrário a que tinha ido. Escutei o mesmo som. O
“catraqueiro” deste lado, por sua vez, pegou meu ingresso na catraca e disse,
dando uma rasgadinha no ingresso: “Pula aí...”. Pulei.
Se eu disser que me lembro de
tudo que aconteceu naquela noite, estarei mentindo para vocês. Do que me lembro
do jogo em si, foi que o jogo começou nervoso com muitas faltas e muitos passes
errados para os dois lados. Lembro-me que o Corinthians tinha muito volume de
jogo, mas não finalizava.
Primeiro tempo quase indo embora.
0 x 0.
O Corinthians perdera o jogo de
ida em Buenos Aires
por 3x2 e uma vitória simples nos colocaria nas quartas-de-final. E com moral:
afinal passaríamos pelo grande River Plate!
Aquela agonia pelo gol que não
saía, quando na reta final do primeiro tempo Nilmar desviou uma cobrança de
falta com a cabeça e o Pacaembu explodiu em festa.
Acabou o primeiro tempo e todos
estavam confiantes. Sair para o intervalo vencendo a partida, sem levar gols
era tudo que sonhávamos: o resultado parecia perfeito! No segundo tempo era
cozinhar o galo e tentar matar o jogo num contra-ataque.
Mas não foi bem assim.
Logo no começo do primeiro tempo,
Gallardo – que voltou com o diabo no corpo para a segunda etapa – cobrou uma
falta (ou escanteio, apenas me lembro que foi uma bola cruzada) e Coelho marcou
contra.
Para mim, até 15s atrás, imaginava que o gol contra de Coelho tinha
sido o terceiro e que tinha colocado fim ao sonho da Liberta. Porém, segundo
Martins, o co-autor, e o Google, realmente o gol de Coelho foi apenas o de
empate do River. Como explicar então essa memória selecionada que guardei?
Provavelmente o fim trágico do jogo assim como o nervosismo no estádio forçou
meu cérebro a alterar essa lembrança e tornar ainda mais trágico esse
momento...
A alegria virou agonia,
nervosismo. Ainda mais quando o River se retrancou.
*Como o post ficou extenso, os autores optaram por dividir o texto em duas partes. Próximo capítulo vem na próxima semana.
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