quinta-feira, 25 de outubro de 2012

04 de maio de 2006 - Parte 1*


Por AFMP e Martins

Mais um dia de aula da minha graduação na PUC. O tradicional migué na aula de quarta seria necessário, já que o Corinthians 2h15 após o início da aula jogaria no Pacaembú pela Libertadores da América em busca do título até então inédito.

E lá vou eu mais uma vez assistir o Corinthians in loco. As 21h45 começaria mais uma das fatídicas partidas do meu time na Libertadores da América.

Sempre gostei de chegar cedo ao estádio. Ficava sempre junto das organizadas, na arquibancada amarela. Cheguei na praça Charles Miller com o busão da Estopim da Fiel, umas duas horas antes do início da partida, não me lembro bem. Entramos no estádio sem muitos problemas e nos acomodamos nos assentos de sempre.

O adversário? River Plate, da Argentina.

Assim como o tradicional migué na aula, naqueles tempos eu tradicionalmente deixava para comprar o ingresso na última hora junto com um camarada, o apelidado Bro’z, confiando na sorte e nos cambistas. Quando pegamos os ingressos, ao preço de R$ 80, os dois, percebi uma coisa estranha: os ingressos eram diferentes...

A escalação que ficaria marcada pelo fracasso? Silvio Luiz, Coelho (Eduardo Ratinho), Marcos Vinícius, Betão e Rubens Júnior; Marcelo Mattos, Xavier (Roger Chinelinho) Ricardinho e Carlos Alberto (Rafael Moura); Tevez e Nilmar. O técnico a época, o coroa metrossexual Ademar Braga.

Dada a diferença visual nos ingressos, deixei o camarada passar primeiro na catraca, já que se o ingresso dele não funcionasse, voltaríamos para tirar satisfação com o cambista. Quando ele colocou o ingresso na catraca, nenhum problema. Resultado? Provavelmente o meu que estaria “zoado”. Quando fui passar, escutei em alto em bom som, à revelia do barulho do estádio, o “estrondo” característico da catraca quando o ingresso é falso. O “catraqueiro” prontamente disse: “O ingresso é falso. Pode ‘sair fora’”.

Perdi aula, gastei quase o triplo comprando o ingresso e não consigo entrar no estádio. Como último arroubo de insistência, fui na última catraca do lado direito, completamente contrário a que tinha ido. Escutei o mesmo som. O “catraqueiro” deste lado, por sua vez, pegou meu ingresso na catraca e disse, dando uma rasgadinha no ingresso: “Pula aí...”. Pulei.

Se eu disser que me lembro de tudo que aconteceu naquela noite, estarei mentindo para vocês. Do que me lembro do jogo em si, foi que o jogo começou nervoso com muitas faltas e muitos passes errados para os dois lados. Lembro-me que o Corinthians tinha muito volume de jogo, mas não finalizava.

Primeiro tempo quase indo embora. 0 x 0.

O Corinthians perdera o jogo de ida em Buenos Aires por 3x2 e uma vitória simples nos colocaria nas quartas-de-final. E com moral: afinal passaríamos pelo grande River Plate!

Aquela agonia pelo gol que não saía, quando na reta final do primeiro tempo Nilmar desviou uma cobrança de falta com a cabeça e o Pacaembu explodiu em festa.

Acabou o primeiro tempo e todos estavam confiantes. Sair para o intervalo vencendo a partida, sem levar gols era tudo que sonhávamos: o resultado parecia perfeito! No segundo tempo era cozinhar o galo e tentar matar o jogo num contra-ataque.

Mas não foi bem assim.

Logo no começo do primeiro tempo, Gallardo – que voltou com o diabo no corpo para a segunda etapa – cobrou uma falta (ou escanteio, apenas me lembro que foi uma bola cruzada) e Coelho marcou contra.

Para mim, até 15s atrás, imaginava que o gol contra de Coelho tinha sido o terceiro e que tinha colocado fim ao sonho da Liberta. Porém, segundo Martins, o co-autor, e o Google, realmente o gol de Coelho foi apenas o de empate do River. Como explicar então essa memória selecionada que guardei? Provavelmente o fim trágico do jogo assim como o nervosismo no estádio forçou meu cérebro a alterar essa lembrança e tornar ainda mais trágico esse momento...

A alegria virou agonia, nervosismo. Ainda mais quando o River se retrancou.

*Como o post ficou extenso, os autores optaram por dividir o texto em duas partes. Próximo capítulo vem na próxima semana.

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