terça-feira, 30 de outubro de 2012

04 de maio de 2006 - Parte 2


Por AMFP e Martins

Quando o Corinthians parecia próximo de marcar outro gol, o River matou o jogo com outro gol, agora de Higuaín que se tornaria o carrasco do Timão, num contra-ataque rápido.

Protestos e vaias começaram a ecoar nas arquibancadas. Nessa hora eu já estava em um momento catártico e confesso que só me lembro de relance o que ocorria em meu redor.

Em outro contra-ataque, o golpe de misericórdia: Higuaín marcou o terceiro gol do River.

A partir disso, o clima no estádio ficou pesadíssimo. Pressenti que algo de ruim parecia próximo e resolvi que iria embora antes do jogo terminar. Ia voltar de transporte público mesmo, não iria esperar o pessoal da organizada. Só queria chegar logo na minha casa, com o coração destruído mais uma vez, por uma das derrotas mais sofridas que vi no estádio.

Em todas as minhas idas ao estádio acompanhar o Corinthians, era a primeira e única vez que saí antes do jogo terminar. Na verdade, não consegui sair...

Lembro que o gol que sacramentava a vitória inconteste do River e a eliminação do Corinthians bateu em mim como um meteoro. Do gol adversário, lembro apenas do som de desgosto da torcida. Nesse momento, por mais estranho que possa parecer, entrei em algum tipo de estado de choque, que deve ter contribuído para a alteração já citada de minhas lembranças desse dia.

Quando estava me dirigindo ao portal principal, fui interceptado por uma horda de corinthianos vindos das arquibancadas amarelas e verdes. Num piscar de olhos, me vi no meio da multidão, um monstro sem rosto e coração como diria Mano Brown. Comecei a ser espremido e empurrado: não pensei duas vezes! Como sou macaco velho de estádio, comecei a empurrar, xingar...fui tomado por aquela ira coletiva que pairava no Pacaembu aquela noite.

Depois de contidos por uma dúzia de PM’s, a multidão se dispersou. Eu, entre eles.

Da indesejável reação do gol argentino até ser chamado à realidade por meu amigo, no momento da dispersão da torcida subindo as arquibancadas, não consigo lembrar de nada.

Quando retomei consciência de si, rumei para o portão principal, cabisbaixo. E dores, muitas dores: pela derrota sofrida e pelos empurrões e borrachadas entre a multitudão.

Por onde saí do estádio, não sei. Como era acostumado nos jogos de quarta-feira em que íamos eu e Bro’z, por morarmos perto ele me deixava em casa. Mesmo forçando, não consigo lembrar do caminho ou algo do tipo, se conversamos no trajeto. O que sei é que amanheci em casa. Triste. Foi a primeira derrota realmente sentida que acompanhei no estádio. As outras, contando a Copa do Brasil do ano anterior, superei como se fossem acidentes normais de percurso. Essa não...

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