Há 16 anos atrás, eu era um garoto de 16 anos que morava longe de São Paulo, cidade que foi o palco daquela final de Libertadores, na noite de 16 de junho. A possibilidade da conquista de um título inédito do meu time era a maior motivação que eu podia ter até então. E, como a maioria das glórias alcançadas, só poderia vir com aquela carga de sofrimento que só os deuses são capazes de enviar.
E o Palmeiras no ardor da partida, tendo perdido a primeira partida por 1x0 para o Deportivo Cali na Colômbia, no saudoso Stadium Palestra Italia, fez 1x0 com Evair, tomou o empate e conseguiu, com Oséas, levar a partida para os pênaltis.
Dali em diante fica difícil lembrar com exatidão dos detalhes da partida. É a hora em que a noção de tempo e espaço se esvai, a realidade perde a forma, o universo inteiro se resume a uma coisa chamada disputa de pênaltis. No gol palmeirense todas as apostas na santidade de Marcos. Marcos era 12. O dia 16. Do outro lado o colombiano Zapata encarregado da última cobrança. Ele partiu para a bola e chutou. Marcos de um lado. Bola pra outro. Pra fora. Pra gritar. Pra morrer e reviver em uma questão de segundo. Pra ser Campeão da Libertadores. Pra 16 anos depois voltar a ser apenas um garoto de 16 anos, num dia 16.
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