Além
do título do nosso blog, uma paixão em comum e bastante comentada
em nossas mesas de bar são os carros. De preferência, os antigos,
os clássicos. Eu venho de uma família bastante numerosa e quando
criança me maravilhava ao ouvir as histórias vividas por meus tios
em seus bólidos possantes. Alguns eu tive a oportunidade de ver e
andar no banco de trás, já que nem tinha idade para tirar a
habilitação, como dois Opalas lindos sendo um com o câmbio na
coluna de direção, popularmente chamado de câmbio em cima, um
Escort XR-3 vermelho, considerado carro de boy, entre tantos outros.
Alguns nem nascido eu era, como os Mavericks que já estiveram na
garagem e só sei através dos 'causos' contados em outras rodas de
cerveja.
Como
morei um tempo em Goiás à viagem a São Paulo de lá foi marcante.
O ano era 1995 e nós fomos em um carro do ano, modelo top de linha:
o russo Laika, da Lada. Um carro tão sui
generis que a chave da ignição
ficava do lado esquerdo. Sim! Você dá partida no carro virando a
chave com a mão direita e nunca reparou nisso. Lá em Goiás, meu
tio (são vários mesmo) tinha um fusquinha vermelho com volante de
madeira lindo. Conforme o tempo foi passando, nós tínhamos um
acordo: eu o ajudava a lavar o carro no fim de semana e ele começava
a me ensinar a dirigir. E assim foi: com um Gol GL 94, um Uno Mille,
até que passamos a ir pra fazenda com uma Ford Rural 76, uma das
maiores diversões que o moleque de 17 anos morando no interior pode
ter! A folga do volante dava uma volta completa e fazer curvas era
algo sensacional, um verdadeiro rally na estrada de terra até a
chegada da sede da fazenda. “Quem aprende a dirigir isso, dirige
qualquer coisa” - dizia meu tio. E realmente você se acostuma a
domar aquela fera.
Anos
depois, já morando em São Paulo, recém-habilitado, surge uma festa
feita pela turma do cursinho. “Pai, me empresta o carro?” –
falei, mas sem muita pretensão. Quando vejo aquele chaveiro
brilhando em sua mão, dizendo que podia ir sim. E aquele Santana GLS
95 só para mim foi uma sensação tão incrível que a festa mesmo
ficou em segundo plano, eu queria era curtir essa liberdade sobre
quatro rodas. Sem falar na magnífica Quantum, que até geladeira já carregou, com sua força e robustez, uma grande companheira, literalmente.
Hoje
eu tenho uma relação intrínseca de amor e ódio com meu carro, o
Gigante Guerreiro Palio, só quem nos conhece já sabe tudo o que
passamos. E chegamos a conclusão de que realmente fomos feitos um
para ou outro.
Assim
como o Sousa, também nutro paixão por carros antigos. Aprendi a
dirigir aos 12 anos, em um Fiat 147 azul bebê, modelo 1981 que era
do meu avô paterno. Lembro da minha ansiedade nos finais de semana,
quando esperava meu avô me dizer: “vamos manobrar o carro!” E lá
ia eu todo feliz, em primeirinha, até o final da rua e voltando.
O
tempo foi passando e eu aprendendo cada vez mais. Esse meu mesmo avô,
tinha uma irmã que possuía um sítio na cidade de Socorro, interior
de São Paulo. Íamos quase a todos os feriados e num desses, ele deu
na minha mão o Corcel II, marrom escuro, modelo 1982 que está com
ele até hoje. Fazia o trajeto da estrada de terra, entre a pista e o
sítio e também servia de chofer para levá-lo a vendinha para tomar
sua costumeira cachaça com limão, enquanto me deliciava com uma
tubaína.
Não preciso nem dizer a
emoção que era dirigir aquela barca, possante e super confortável.
Nesse ínterim dirigi
muitas vezes o Fusca amarelo dos meus tios. Não me lembro bem o ano
dele, mas me lembro que tinha uma ponteira de Dodge Dart e fazia um
barulho absurdo. Nossa diversão era chegar a estacionamentos
fechados – como os de shopping e grandes mercados – e esticar o
motor, para logo em seguida reduzir a marcha bruscamente, apenas para
“causar” no estacionamento.
Outro antigo, esse
clássico, que dirigi foi uma TL, amarelo gema.
Raridade. Sempre ficava ansioso para dirigir aquela beleza de carro e
sonhava em herdá-lo dos meus pais. Infelizmente, minha alegria durou
pouco, pois meu pai sofreu um acidente que deu perda total no
veículo.
Assim fui crescendo e
tomando gosto por carros antigos. O primeiro clássico que tive o
gostinho de chamar de meu, foi um Gol AP, prata, modelo 1985. O carro
não era meu de fato, mas do meu falecido e saudoso avô materno.
Recebera o carro em troca de serviços prestados como construtor
civil e como não dirigia, eu que praticamente utilizava o carro no
dia a dia. Foi meu primeiro companheiro de viagens a Socorro e a
Praia Grande nos feriados e fins de semana, meu primeiro companheiro
de baladas na Chopperia Pólo Norte, na Cantareira, e também das
pescarias em família.
Mas meu primeiro carro de
verdade foi um Opala Comodoro, verde escuro, modelo 1985. Passei
alguns anos juntando dinheiro para comprar um carro e esse caiu no
meu colo. Amava aquele carro, com todo o seu estilo e seu conforto. A
caranga chamava tanto a atenção, que gerou briga entre manobristas
num restaurante para poder estacionar meu carro. Fora as inúmeras
vezes que me paravam, com a seguinte pergunta: “vende?” Ou também
os inúmeros olhares de satisfação de outros adoradores de carros
clássicos, principalmente aqueles de mais idade que me acenavam pela
rua.
Por fim, minha
experiência findou-se com um Fusca, laranja, modelo 1972. A
particularidade desse carro é que era movido a GNV e tinha bancos de
couro do Vectra. Eu rodava a semana toda, de casa para o trabalho, do
trabalho para a faculdade e de volta para casa com míseros cinco
reais de combustível. Como todo Fusca, tinha suas gambiarras, como
um pedaço de cabo de vassoura que usei para calçar os pedais. Mas
mesmo assim nunca me deixou na mão e me levou para muitos lugares.
Infelizmente precisei
vender, com dor no coração, meus dois últimos carros. Nunca mais
comprei carro algum, mas espero em breve comprar outro antigo e
novamente receber olhares de admiração e aprovação de outras
pessoas, que assim como o Sousa e eu, nasceram para andar nos
gloriosos velhinhos.
Rural é um dos meus carros dos sonhos!
ResponderExcluirMeu pai teve uma azul e branca, com câmbio três marchas na coluna da direção.
ExcluirTinha um espaço interno enorme: me lembro que dava para por um colchonete entre o banco inteiriço da frente e o de trás. O porta-malas também dava até pra acampar nele...
O único senão é que queimava um óleo da porra. Era 1 litro por saída quase...(risos)
Pena que não tinha idade pra dirigir...