quinta-feira, 29 de novembro de 2012

"O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball)" x Estatísticas no futebol

Assim como as críticas de filme começam praticamente todas com um "cabeçalho", começarei nesse modelo por aqui também:


"O Homem que Mudou o Jogo", título original "Moneyball", é um filme estadunidense de 2011, estrelado por Brad Pitt, no papel de Billy Beane, gerente do  Oakland A's na temporada de 2002. Beane tem que montar um time competitivo, à revelia de um orçamento que chega a ser 1/3 do das grandes equipes da liga.
Muito bem, a história é essa. Mas qual esporte é o dos A's? Beisebol.
A pergunta de 1 milhão de dólares então seria: E o que um filme que fala sobre beisebol faz num blog dedicado a "História, Futebol e Futilidades"? A resposta se resume a uma palavra: Estatísticas.
As estatísticas são utilizadas na hora de selecionar os jogadores para o time levando em conta estritamente a sua função e posição no campo de jogo. Não entendo lhufas de beisebol, mas a ideia é bem interessante: um jogador que tem em sua função apenas rebater a bola, precisa saber lançar ou receber? A resposta, segundo Peter Brand (Jonah Hill), o coadjuvante do filme, é não. Um rebatedor que tem bom aproveitamento em rebatidas que resultam em pontos é um jogador a ser contratado; por eventualmente não conseguir grande desempenho em lançamentos ou algo do tipo, esse jogador então seria barato, já que o pensamento até então seria o de que os jogadores a contratar seriam aqueles mais "completos".
Após muita resistência e percalços, com essa filosofia a dupla Beane/Brand consegue 20 vitórias consecutivas, um recorde na liga americana. Ao final da temporada, Beane recebe uma proposta do Boston Red Sox, o que o tornaria o gerente mais bem pago da história. Ele recusa a oferta, permanecendo em Oakland, e dois anos depois, baseando-se nas idéias de Brand e Beane, o Red Sox é campeão.

Para além da qualidade fílmica (fotografia, roteiro, atores e etc), o filme traz uma questão bastante interessante que talvez possa ser extrapolada ao futebol, por exemplo. Todos querem ter Messi, Cristiano Ronaldo e Iniesta em seus times, porém, ter esse tipo de jogador é muito caro. A saída então para os times com menos recursos poderia ser encontrada na análise das características dos jogadores de forma absolutamente racional? Para mim, sim.
Quais as qualidades do volante Ralf, do Corinthians? Desarme e marcação. Qual função ele desempenha em campo? Primeiro volante, que requer "desarme e marcação". Assim como Pierre, ex-Palmeiras, atual Atlético-MG, Ralf não possui boas habilidades de passe ou drible; porém, se observarmos sua função em campo, essas qualidades não são requeridas, do mesmo modo que Iniesta não precisar saber dar botes ou Cristiano Ronaldo tirar bolas de cabeça em sua área. Por mais que pareça algo óbvio, nem sempre essa observação é feita, o que resulta em contratações desastrosas, como por exemplo, Daniel Carvalho pelo Palmeiras. Daniel não é péssimo em nada, apenas no peso. Como um meia que tem a responsabilidade de organizar o jogo e puxar o time pode não ser ágil?

Assim como no filme, apenas estatísticas não bastam nas horas de decisão. Por outro lado, apenas o individual também não. O conceito de equipe coesa, com funções e obrigações bem definidas é colocado no filme como sendo a chave do sucesso do A's. Se observarmos a Inter de Milão 09/10 com Mourinho, o Brasil 94/02 e o Corinthians 11/12, o conceito de equipe está bem claro. Nessas equipes, quando muito existiam 2 craques que desequilibravam as partidas: Sneijder e Etoo; Bebeto e Romário; Ronaldo e Rivaldo; Emerson e Paulinho. O resto do time ficava longe de ser constituído de craques. Em alguns casos encontramos até jogadores que fora daquele contexto, não seriam nem titulares.

Supertimes dão certo? Sem dúvidas. Os "galácticos" do Real Madrid (01 - 07, 09 - ), provam isso. Contudo, não parece que será possível contratar um Zidane, Ronaldo, Figo e Beckham por 200 milhões de euros em um contexto em que a UEFA vem com o "Fair Play financeiro". Não obstante, dirigentes vivem reclamando que não dá para montar uma equipe competitiva para a disputa do campeonato brasileiro sendo que a receita de seu time é em alguns casos 20% da dos times de ponta. Como resolver?

Além de acessar o futhistfut.blogspot.com, acho que os dirigentes deveriam assistir ao "Moneyball" acompanhados de leituras sobre "Periodização Tática", também já comentada no citado blog...

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