quinta-feira, 5 de julho de 2012

O futebol na longa duração: Corinthians campeão da Libertadores 2012

Para este post, considero que o futebol constitui um microcosmo, onde todas as suas dinâmicas se dão de forma mais acelerada, reduzindo assim o tempo cronológico de suas transformações, e com isso, uso o conceito adaptado de longa duração.

Hoje, no dia seguinte à conquista da Copa Libertadores da América, muitos dirão que o título do Corinthians começou a ser gestado de forma consistente após a queda para a série B, fato que forçou a modernização estrutural do Corinthians. Concordo apenas em partes.

Penso que o "projeto" do Corinthians começou 10 anos atrás, em 2002 com Carlos Alberto Parreira. Claro que não quero insinuar que o Corinthians tinha um projeto "consciente" desde a chegada do ex-técnico da seleção brasileira. O técnico tetracampeão trouxe ao Corinthians e principalmente à torcida o futebol moderno, paciente, de toque de bola. Com certeza a paciência da torcida foi muito bem testada no jogo contra o San7os, o qual viramos perdendo em casa por 1 a 0, o que levaria a decisão para os pênaltis. Além de nem pensar em vaiar, a torcida jogou junto, não deixando de apoiar.

Quando pensamos na "longa duração", de modo algum queremos dizer que o caminho foi sempre retilíneo e sem percalços. Dentre as mudanças necessárias e que podemos classificar como rápidas, destaco a parceria com a MSI. Se com a vinda de Parreira o time já havia experimentado certa internacionalização de sua marca, com a MSI e consequentemente a vinda de craques do calibre dos argentinos Tevez e Mascherano, o time alçou os noticiários fora do país.

Em 2007 um fato novo estimula o girar histórico e funciona como um estopim para a revolução corinthiana. A queda da Bastilha alvinegra foi o descenso. Se por um lado representou a parte mais triste de um dos maiores clubes do Brasil, por outro, hoje percebemos que foi o mal necessário para uma nova modernização, a política e administrativa. Capitaneada por um ex-integrante do Antigo Regime no Parque São Jorge, Andrés Sanchez assumiu a presidência do cube após ganhar as eleições de forma inconteste, eleições que não eram realizadas de fato desde 1993.

O ano de 2009 é que vai explicitar as grandes mudanças com a contratação de um dos maiores ídolos do futebol brasileiro: Ronaldo.

Além de capitalizar vultosas somas, o atrelamento da imagem do R9 ao clube trouxe credibilidade aos olhos internacionais. Se antes o Corinthians era visto como um feudo, agora era visto como modelo em administração e gestão de marketing. São essas mudanças que proporcionaram à diretoria o poder de manter um técnico após eliminações, como Flamengo, com Mano, e Tolima, com o próprio Tite. A Libertadores de 2003, a qual o Corinthians obteve vaga graças à Copa do Brasil ganha por Parreira em 2002, experimenta uma quebra no trabalho, já que Parreira voltou para a seleção. De 77 a 2002, o Corinthians disputou 5 vezes. Se contarmos a partir de 80, que é quando a Libertadores entra no expediente dos clubes brasileiros, são 4. Em 20 anos. Apenas de 2003 para cá foram 5 participações. Para mim o argumento da necessidade de disputar mais vezes essa competição começou a fazer sentido em 2010.


Finalizando, não fosse o estilo de jogo irritantemente paciente iniciado com Parreira que "ensinou" a torcida do Corinthians a ter em muitos momentos mesma paciência irritante, as vezes até "absurda", vide a eliminação em casa para o Flamengo, quando a torcida apoiou o time incondicionalmente, somada a calma e preparo da diretoria, agora sim com um projeto consciente, que mesmo após a eliminação na pré para o Tolima manteve Tite e essa estabilidade culminou no título nacional e na conquista da América.

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